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  • Ronnie Lessa disse que Marielle morava em lugar 'difícil', com policiamento, e por conta disso emboscada foi em outro lugar


  • Nesta sexta o ministro Alexandre de Moraes, do STF retirou parte do sigilo da delação de Lessa que está preso por ser um dos executores do assassinato, ocorrido em 2018.

Nesta sexta-feira (7), foi retirada uma parte do sigilo da delação premiada do ex-policial Ronnie Lessa que se encontra preso pelo assassinato da vereadora Marielle.

Em depoimento Lessa disse que o endereço dela tinha muito policiamento e, por isso, a emboscada precisou ser em outro local.O assassinato ocorreu em março de 2018. 

Lessa, preso em 2019, suspeito de ser um dos executores do crime.

O ex-policial já foi condenado e prestou depoimento de delação premiada em 2023.

Durante a delação premiada, ele conta o que sabe em troca de uma possível diminuição da pena.

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta sexta-feira (7), a transferência do Lessa para o presídio de Tremembé, em São Paulo. 

O ex-policial estava detido no presídio de Campo Grande (MS).

O ministro ainda fez a retirada do sigilo de parte de delação.

Em um dos vídeos no qual o sigilo foi retirado Lessa conta detalhes da preparação do crime.

"Endereço dela era um lugar muito difícil. Com policiamento e sem estacionamento. Tentativas sem êxito levaram que a gente procurasse outros meios", disse Lessa aos policiais.

"A gente já tinha informações sobre endereço dela, e a partir dali nós tentamos que fosse feito a partir dali, tentamos algumas vezes em vão dar prosseguimento ao fato, só que sem sucesso. ali é uma área de difícil acesso, não tem onde parar, tem policiais andando na calçada, ali é um lugar difícil de monitorar", declarou o executor confesso do assassinato da vereadora.

A emboscada que culminou na morte de  Marielle ocorreu na saída dela de um evento na Casa das Pretas, no Estácio, bairro do centro do Rio de Janeiro.

Lessa disse também que, no dia do crime, recebeu ligação de um outro homem que também participou dos preparativos, identificado como Macalé. 

Em ligação, Macalé disse não ser mais possível ficar adiando o crime, porque estava ficando "estranho". E passou onde Marielle estaria naquela noite.

Lessa declarou que foi neste momento que Élcio Queiroz, também preso por ser mandante, foi chamado para a emboscada.

"Dia 14, no dia do crime, eu recebi a ligação do Macalé. 'Tenho uma novidade, cara. É hoje, e eu não estou aí'. Eu falei: 'Tudo bem, vou acionar aquele amigo lá [Élcio] que estava aguardando o contato para cobrir'. 'Tem que ser hoje, tem que ser hoje. Porque está ficando estranho, era pra ter acontecido', disse Lessa, reportando as palavras de Macalé.

Então Lessa diz a Macalé: "Me passa aí o que tu tem".

"Ele me passou a Casa das Pretas. Resumindo, onde ela [Marielle] teria uma reunião. E o Élcio veio", contou.

Detalhes da delação que já havia sido revelados

Ronnie Lessa confessou ter participado do crime e apontou os mandantes. Além de descrever a oferta que recebeu para cometer o crime como parte de uma parceria e não apenas como um assassinato por encomenda.

Em seu depoimento, Lessa apontou Domingos Brazão, ex-conselheiro do Tribunal de Contas do Estado do Rio de Janeiro, e Chiquinho Brazão, deputado federal, como mandantes. 

De acordo com Lessa, os Brazão ofereceram como pagamento um loteamento clandestino na Zona Oeste do Rio, com avaliação em mais de 20 milhões de dólares.

Os irmaõs Brazão já foram presos pela PF.

Lessa falou sobre reuniões preparatórias, nas quais Marielle era descrita como um obstáculo aos planos dos Brazão. 

A ausência de registros das operadoras de celular anteriormente a 2018 impediu a confirmação dessas reuniões pelas autoridades.

Os advogados de defesa dos irmãos Brazão negou as acusações, dizendo ser uma tentativa de Lessa para obter vantagens judiciais. 

Ronnie Lessa citou o nome de Rivaldo Barbosa, ex-chefe da Delegacia de Homicídios do Rio, como parte do plano para proteger os mandantes do crime.

Lessa disse que Barbosa foi instruído a desviar as investigações.

Um dia antes do assassinato de Marielle Barbosa recebeu a promoção como chefe de polícia e indicou Giniton Lajes para comandar a Delegacia de Homicídios. 

De acordo com a Polícia Federal, a nomeação de Lajes foi parte de uma estratégia para interferir nas investigações.